ARTIGO:GÁS DE XISTO E A IMPORTÂNCIA DAS FONTES PREVISÍVEIS DE ENERGIA

* Por Mikio Kawai Jr
“A partir dessas informações, podemos planejar toda a distribuição de energia e minimizar os riscos de problemas no abastecimento”

No final do último mês de novembro, foi realizado o primeiro leilão para a extração de gás de xisto no Brasil, fonte polêmica de energia e motivo de discussão entre as esferaseconômica e ambiental ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, contribui para o que muitos chamam de “revolução energética”, já que é mais barato que o carvão e reduz as importações de combustíveis fósseis ao país; já em outras nações, como França e Bulgária, sua exploração foi vetada, principalmente pelos riscos de poluição à água.

A busca pelo gás não convencional, como também é conhecido, em nosso país ainda não teve as regulações definidas. Entretanto, o governo definiu abrir licitações ao ofertar 240 blocos terrestres onde acredita-se que exista o gás natural, num total de 168.348,42 km², em bacias sedimentares espalhadas por 12 estados: Amazonas, Acre, Tocantins, Alagoas, Sergipe, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Maranhão, Paraná e São Paulo. Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), o Brasil possui uma das dez maiores reservas de gás de xisto do mundo, com cerca de 7 trilhões de m³ em bacias geológicas.

Encontrado em rochas, o gás de xisto é extraído por meio de fraturamento no subsolo, técnica comum naindústria de petróleo, porém muito questionada por ambientalistas. Isso porque ela aumenta as chances de contaminação ao lençol freático e também de explosões por vazamento de gás metano, além de muitos acreditarem que também podem ampliar o risco de terremotos.

A exploração do gás de xisto é mais um ponto da constante discussão sobre as fontes de nosso sistema energético, muitas vezes questionadas por ambientalistas. Apesar dos constantes questionamentos, é preciso entender que é absolutamente inviável, em nações com a população e a economia do tamanho das do Brasil, um sistema energético sem as chamadas fontes previsíveis, como água, carvão e o próprio gás de xisto. Ou seja, não há garantia de vento e luz solar, fontes absolutamente sustentáveis, o tempo todo, mas conhecemos nosso estoque de carvão, conseguimos estimar o tamanho dos poços de gás e sabemos a quantidade de água da chuva estocada nos reservatórios de nossas hidrelétricas.

A partir dessas informações, podemos planejar toda a distribuição de energia e minimizar os riscos de problemas no abastecimento de energia, como racionamento e grandes apagões. O que deve ser apontado é que, mesmo quando a opinião da maioria tende a ser contra esses investimentos – única e exclusivamente por serem menos benéficos à natureza -, sempre há um contraponto. Claro que as preocupações ambientais devem existir o tempo todo e ninguém pode ser contra isso, no entanto a falta de energia elétrica em nossos lares e indústrias é uma questão urgente e importantíssima.

* Mikio Kawai Jr. é economista e Diretor-Executivo do Grupo Safira

 

(Fonte: Último Instante)

http://www.ultimoinstante.com.br/pt/noticias_20131209/artigos/461758

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