Petroquímica será afetada por custo de importação

A renegociação do contrato de fornecimento de nafta da Petrobras à Braskem, que vence no primeiro semestre de 2014, poderá atingir em cheio a competitividade de toda a cadeia petroquímica brasileira, na avaliação de fontes ligadas ao setor. Para esses interlocutores, a escolha da estatal de usar a nafta produzida no país como combustível, e não como insumo petroquímico, pesa agora na negociação de preços e poderá penalizar todo o setor caso a Petrobras passe a cobrar um adicional relativo ao custo de importação da matéria-prima.

Entre 2000 e 2011, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o volume de importação de nafta cresceu 87%, de 3,8 milhões para 7,1 milhões de toneladas por ano. Ao mesmo tempo, a produção do insumo para o setor petroquímico recuou 38%, de 10,2 milhões de toneladas para 6,3 milhões de toneladas por ano.

Esses dados indicam que houve redução da oferta de nafta nacional para fins petroquímicos – a matéria-prima também é usada no chamado “pool” de gasolina, uma mistura de gasolina tipo A, etanol e nafta. Com essa medida, segundo fontes, foi possível à Petrobras manter sob controle os níveis de importação do combustível e atender a indústria com a matéria-prima importada.

Toda a cadeia, incluindo os transformadores de plásticos, será atingida porque a Braskem deve repassar esse custo

É justamente o custo para trazer a nafta do exterior que poderá ser repassado à petroquímica e elevar os valores negociados em torno de 5% ante os atuais. Anualmente, a Braskem, maior produtora de resinas das Américas, consome cerca de 10 milhões de toneladas de nafta, das quais 7 milhões de toneladas fornecidas pela Petrobras.

Em nota, a Braskem confirmou que mantém tratativas com a estatal acerca dos termos do novo contrato de fornecimento de nafta e ressaltou que “confia na evolução positiva dessa negociação, em benefício de toda a cadeia química”. A Petrobras, que possui 36% do capital total da petroquímica, informou por meio de assessoria de imprensa que não comenta o assunto.

Na sexta-feira, em encontro anual da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), representantes do setor demonstraram grande preocupação com os possíveis novos termos do contrato de fornecimento de nafta. Para eles, toda a cadeia, incluindo os transformadores de plásticos, será penalizada, uma vez que a Braskem não teria condições de absorver o custo adicional com matéria-prima sem repassá-lo a seus clientes.

Analistas que acompanham a indústria também adotaram discurso cauteloso. Em relatório, analistas do Citi apontaram que a nafta responde por cerca de 53% dos custos de caixa até 2015. Pelas contas do banco, uma possível redução do desconto dos preços praticados pela Petrobras no contrato de fornecimento de nafta poderia reduzir o lucro da Braskem em até 20% a partir de 2014.

“Acreditamos que haja uma grande possibilidade de que o novo contrato de fornecimento da nafta para a Braskem possa ter termos menos atrativos do que o contrato atual”, escreveram os analistas Pedro Medeiros e Fernando Valle.

O Citi manteve a recomendação de compra para a ação da Braskem, com preço-alvo em R$ 23,50 para o fim de 2014, mas ressaltou que passou a adotar um “tom mais cauteloso em relação ao desempenho de curto prazo” por conta da discussão sobre os preços na nafta. Caso os custos de importação sejam realmente repassados, a projeção para as cotações do papel no próximo ano cairiam para R$ 20,50.

As ações PNA da Braskem fecharam a segunda-feira na BM&FBovespa com queda de 4,51%, para R$ 20,10.
(Fonte: Valor Econômico/ Stella Fontes e Natalia Viri | De São Paulo)

http://portosenavios.com.br/geral/22113-petroquimica-sera-afetada-por-custo-de-importacao

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