Braskem busca alternativas ao gás de xisto

Parceria no México garante à empresa uma opção para adquirir matéria-prima com preço adequado ao mercado

Jefferson Klein

Um segredo para o sucesso de uma companhia com escala global é ter uma produção competitiva e entre as opções para alcançar essa meta está a conquista de matérias-primas de menor custo. Com esse foco, a petroquímica brasileira Braskem buscou no México uma alternativa para adquirir gás natural com preço adequado para a fabricação de polietileno e com condições de concorrer com os produtos provenientes do shale gas (gás de xisto) norte-americano.

O diretor comercial, de relações institucionais e de desenvolvimento de negócios da Braskem Idesa, Cleantho Leite Filho, lembra que há cerca de quatro anos começou a onda do shale gas nos Estados Unidos. “Isso está causando uma revolução, que é uma disponibilidade muito grande de gás a um valor muito competitivo”, destaca o dirigente. Conforme Leite Filho, o México está se beneficiando da situação, pois o país está integrado aos Estados Unidos, com o custo de insumo seguindo as referências dos norte-americanos.

Nesse contexto, foi criada em 2010 a Braskem Idesa, uma joint venture formada pela Braskem e o Grupo Idesa, empresa líder no setor petroquímico do México. Através dessa parceria está sendo desenvolvido o projeto Etileno XXI, um complexo petroquímico para a produção de eteno e polietileno no estado de Veracruz, México (município de Nanchital). Essa iniciativa deverá exigir um investimento total de aproximadamente US$ 4,5 bilhões. A capacidade de produção do empreendimento será de aproximadamente 1 milhão de toneladas de polietileno de alta e baixa densidade por ano. Leite Filho ressalta que se trata do maior projeto industrial em andamento no México nesse momento.

O executivo comenta que neste mês de abril a obra alcançou 68% de avanço e a planta deverá iniciar a operação no segundo semestre de 2015. “O nosso projeto, que é à base de gás, terá a mesma competitividade de todos os projetos norte-americanos, com a vantagem de estarmos entrando dois a três anos antes da maioria dos empreendimentos anunciados”, argumenta o dirigente. A Braskem também já estuda fazer um novo complexo, similar ao do México, nos Estados Unidos. Leite Filho diz que ainda não se chegou ao momento da decisão sobre a efetivação da fábrica, mas foi dado o encaminhamento para que as ações prosseguissem com o grupo Odebrecht (controlador da Braskem), que será o investidor, e a Braskem, que será a operadora.

No caso do complexo mexicano, a perspectiva é de que no início das atividades cerca de 700 funcionários estejam trabalhando na planta. Apenas em capacitação de pessoal, a Braskem Idesa investirá em torno de US$ 10 milhões. Dentro desse planejamento, começou em março um programa que durará de seis a sete meses e que prevê a vinda de grupos de trabalhadores mexicanos para treinar em unidades já em atividade da Braskem, entre as quais a de Triunfo. Um conjunto de 33 funcionários chegou ao Rio Grande do Sul na terça-feira passada para integrar esse processo, e outros grupos ainda virão.

Fábrica da Synthos depende de garantia de fornecimento de nafta

Assim como a vinda dos mexicanos, um assunto debatido no polo petroquímico gaúcho envolve a empresa Synthos, que anunciou que pretende instalar uma fábrica de borracha sintética no local, que será alimentada pelo butadieno da Braskem. O gerente de relações institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul, João Ruy Freire, detalha que o contrato está assinado, porém a concretização do negócio depende que a Braskem tenha a garantia de fornecimento de nafta (matéria-prima do butadieno) por parte da Petrobras.

Se a transação for confirmada, a demanda da Synthos deverá preencher quase que totalmente a oferta da planta de butadieno da Braskem. Esse desfecho dificultaria o ingresso de novos players interessados no butadieno de Triunfo ou uma eventual expansão da unidade da Lanxess (também fabricante de borrachas sintéticas) no Estado.

Outro tema de interesse da cadeia petroquímica é a perspectiva do incremento dos custos com a eletricidade. O gerente de relações institucionais da Braskem no Rio Grande do Sul frisa que toda a indústria nacional está analisando a questão. “Esse é um impacto direto na produtividade”, alerta Freire. Além disso, o dirigente recorda que há a preocupação com o risco da carência de energia.

(Fonte: Jornal do Comércio)

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=160276

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