Os produtores de cana-de-açúcar querem mudar a metodologia de definição do preço da matéria-prima pago pelas usinas aos plantadores. A principal queixa é a de que eles recebem, pela tonelada, valores abaixo do que a produção realmente vale, comprometendo a rentabilidade do fornecedor e desestimulando a atividade canavieira. Na safra passada, esta diferença chegou, em média, a 13%, mas há regiões em que este percentual é bem superior.
O tema foi discutido pela Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na semana passada. O presidente do colegiado, Ênio Fernandes, explica que a formação do preço da cana é definida pelo conselho que reúne produtores independentes da matéria-prima e usinas de etanol e açúcar que adquirem a produção – o Consecana.
“Hoje, o preço da cana equivale a 62% dos custos de produção, quando deveria cobrir pelo menos 75%”, justifica. Segundo Fernandes, há, ainda o agravante da inadimplência por parte de algumas usinas junto aos fornecedores, comprometendo ainda mais a lavoura. “As indústrias fabricam o etanol e o açúcar, comercializam a produção, mas não pagam os produtores que fornecem a matéria-prima”, completa Ênio Fernandes.
Ajustes da metodologia dos indicadores de preços do açúcar e etanol Cepea/Esalq vigentes desde a safra 2012/2013, assim como os resultados de estudos para aperfeiçoar o sistema de avaliação técnica da cana foram apresentados na última quarta-feira, 16, por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, e representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) e Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) durante o Seminário de Atualização do Modelo Consecana-SP, conselho que determina o sistema de pagamento de cana a partir dos preços dos produtos finais (açúcar e etanol).
Dívidas do setor
O endividamento do setor sucroalcooleiro atingiu R$ 42,42 bilhões na safra de 2013/2014, encerrada em março, alta de 8% sobre a dívida de R$ 39,26 bilhões da safra anterior, de acordo com avaliação preliminar do diretor comercial para açúcar e etanol do Itaú BBA, Alexandre Enrico Figliolino, segundo Agência Estado. No entanto, com o aumento da produção, a dívida por tonelada de cana processada recuou de R$ 104 para R$ 99, diz o executivo, com base numa avaliação preliminar feita com dados de 65 grupos, capazes de processar 429 milhões de toneladas por safra, ou 72% da moagem do Centro-Sul do País. Segundo executivo, o crescimento do endividamento preocupa.
(Fonte: DCI)
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