A corrida para explorar petróleo e gás nos Estados Unidos está a dar origem a outro boom — o da areia, um ingrediente crítico do fracturamento hidráulico.
Estima-se que as empresas de petróleo utilizem este ano 25,4 mil milhões de quilos de areia, que serão bombeados em poços de petróleo e gás natural para fracturar as rochas de xisto e permitir a extracção dos combustíveis. O uso de areia teve um aumento de 25% desde 2011, segundo a consultora PacWest, que projecta um novo aumento de 20% nos próximos dois anos.
As autoridades do Estado americano de Wisconsin, que tem a areia branca ideal para o fracturamento hidráulico, estimam terem concedido licenças para mais de cem depósitos de areia e instalações de processamento, comparativamente a apenas cinco depósitos em 2010.
Durante os primeiros nove meses deste ano, a U.S. Silica, empresa vocacionada para a produção de vidros para janelas e, mais recente- mente, telas para iPhones e iPads arrecadou mais de USD 245 milhões em areia que vendeu a empresas petrolíferas, este número representaram 62% das vendas da U.S. Silica, ante 53% no mesmo período de 2012 e 33% nos primeiros nove meses de 2011.
O fracturamento hidráulico, ou “fracking”, é uma técnica que consiste em bombear dentro do poço uma mistura de água, areia e químicos a altas pressões para quebrar, ou “fracturar”, formações rochosas compactas. A areia usada no pro- cesso ajuda a abrir pequenos canais na rocha, liberando o petróleo e o gás aprisionados para que eles possam fluir até a superfície.
As empresas estão actualmente a experimentar o uso de ainda mais areia. Bombear 3.600 toneladas de areia em vez das típicas 1.800 toneladas pode acrescentar cerca de USD 600.000 ao custo de um poço de petróleo, mas, em alguns casos, também duplicar a produção, diz o analista Matt Conlan, do banco Wells Fargo.
A demanda por areia esteve tão alta em 2012 que os preços atingiram uma média de USD 75 por tonelada. O novo boom da mineração de areia em Wisconsin ajudou a derrubar os preços para cerca de USD 50 na fonte, segundo a PacWest.
Empresas de serviços de petróleo que fazem fracturamento hidráulico repassam os custos com o transporte da areia para o preço final, o que pode triplicar o preço da areia pago pelas petrolíferas. Isso tem levado companhias que exploram petróleo e gás de xisto, como a EOG Resources Inc., a especializarem- se também na produção de areia, como forma de manter os custos por poço sob controlo.
Mas o boom da areia tem gerado preocupações ligadas à segurança do trabalho. Populações locais também reclamam das nuvens de poeira causadas pelos pesados caminhões que transportam a areia das minas para as unidades de processamento e os depósitos ferroviários. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA chama aos finos grânulos desencadeados pela mineração da areia de sílica cristalina respirável — ou poeira de sílica — e afirma que ela está relacionada com a silicose e o cancro de pulmão.
(Fonte: O País online)
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