Basf reforça estrutura de pesquisa no país (*)

A Basf reformulou sua estrutura global de pesquisa e desenvolvimento para aproveitar oportunidades de negócios regionais ligadas às áreas de alimentos e farmacêutica. A companhia tem como meta ampliar sua receita global de € 74 bilhões em 2013 para € 115 bilhões em 2020, um crescimento de 55,4%. Da receita registrada no ano passado, € 8 bilhões foram obtidos com produtos inovadores lançados nos últimos cinco anos. A América do Sul respondeu por 6% dessa receita (€ 480 milhões) e o Brasil, por aproximadamente metade do valor.

Até 2020, a projeção é que os produtos inovadores respondam por uma receita global de € 30 bilhões, o equivalente a um avanço de 275% frente a 2013. A expectativa é que 50% da inovação seja desenvolvida na Europa, 25% nas Américas e 25% na Ásia. No ano passado, 73% dos produtos inovadores vieram da Europa e 27% de laboratórios nas Américas e na Ásia.

Para atingir essa meta, a Basf reforçou sua estrutura de pesquisa no Brasil, com a instalação de dois laboratórios em Jacareí (SP), um voltado à nutrição humana e outro dedicado a formulações para a indústria farmacêutica. O investimento nas novas unidades foi de € 1 milhão. A expectativa é que as unidades tenham um papel fundamental na geração de uma receita de € 3 bilhões por ano na região com produtos de inovação até 2025, afirmou Rony Sato, gerente de tecnologia e inovação da Basf. “A indústria química produz poucos ativos no Brasil, mas é forte em formulações, por isso o esforço de desenvolvimento no país”, disse.

Tatiana Kalman, diretora de nutrição e saúde para América Latina da Basf, disse que os laboratórios foram instalados lado a lado para levar inovações da área farmacêutica à indústria de alimentos e vice-versa. “A ideia é que as indústrias clientes possam ver o que é feito nas duas áreas para desenvolver novos produtos”, afirmou. A executiva disse que antes da instalação dos laboratórios, clientes empresariais usavam laboratórios da Basf no exterior para desenvolver alimentos enriquecidos com nutrientes produzidos pela indústria química.

A empresa de pesquisa Euromonitor International estima que o mercado brasileiro de alimentos funcionais tenha crescido 15% em 2013, para R$ 18,5 bilhões (o equivalente a 8,2% do varejo alimentar), e a perspectiva é que esse segmento mantenha um ritmo de crescimento de 9% ao ano até 2017. A consultoria indica como segmentos com ritmo de expansão acelerado as categorias de panificação, produtos lácteos para crianças e iogurtes probióticos.

A expansão do consumo de alimentos funcionais já havia levado a Nestlé a comprar, em 2012, a divisão de nutrição infantil da Pfizer, e a desenvolver em parceria com o grupo francês Sanofi linhas de alimentos e suplementos alimentares para controle de peso e do diabetes – que têm composições específicas para diferentes países.

Na área farmacêutica, o novo laboratório dedica-se a novas formulações com princípios ativos já existentes. Sato citou como exemplos medicamentos que apresentam um tempo de liberação dos ativos mais longo, ou que podem ser absorvidos mais rapidamente pelo organismo.

O executivo citou como um dos avanços a instalação em Jacareí de equipamentos com a tecnologia de termo-extrusão. Trata-se de um processo usado para facilitar o fracionamento e a ingestão de princípios ativos difíceis de ser dissolvidos em água. A técnica é usada há décadas pela indústria alimentícia, mas só em anos recentes passou a ser usada para produzir medicamentos.

A tecnologia permite, por exemplo, desenvolver medicamentos para doenças crônicas capazes de liberar os princípios ativos no organismo ao longo de uma semana, em vez de horas. Também é possível criar medicamentos que são dissolvidos mais rapidamente pelo organismo.

(*) Matéria publicada originalmente no jornal VALOR ECONÔMICO, de 22 de julhode 2014

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