dez 9, 2014
A próxima década no Brasil vai ser da indústria química, que será mais brilhante do que a indústria automobilística. A afirmação foi feita por Fernando Figueiredo, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), na quarta-feira (3/12), durante a apresentação do relatório final do estudo “Potencial de Diversificação da Indústria Química Brasileira”, no auditório Freitas Nobre, na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). Para tornar a previsão uma realidade, porém, muita coisa terá que ser feita, tanto pelos governantes como pelos empresários da cadeia produtiva.
O evento, aberto pelo presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva do Setor Químico, Petroquímico e Plástico do Brasil, deputado Vanderlei Siraque (PT/SP), teve ainda a participação do diretor do Departamento das Indústrias de Base Tecnológica, da Secretaria do Desenvolvimento da Produção (SDP), Alexandre Moura Cabral, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), do chefe do Departamento de Indústrias Químicas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gabriel Gomes, dos deputados federais Arnaldo Jardim (PSDB/SP), Francisco Chagas (PT/SP), Luis Alberto (PT/BA), Ronaldo Zulke (PT/RS), Weliton Prado (PT/MG), representantes do governo federal e entidades do setor, entre outros.
“Temos um mercado crescente, uma indústria química forte e vamos ter matéria-prima”, afirmou Fernando Figueiredo, presidente da Abiquim, em sua explanação lúcida e propositiva. “Daqui a dez anos, vocês irão lembrar de mim, porque realmente a indústria química será a indústria mais brilhante da próxima década. Eu não tenho a menor dúvida disso”, disse ele. Segundo Figueiredo, neste ano a cadeia produtiva contou com o apoio fundamental do MDIC, por meio do BNDES, responsável pela realização do estudo . “Tivemos também o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), com quem fizemos dois trabalhos, a agenda tecnológica setorial e um estudo sobre produção de insumos para cosméticos do Brasil.
O estudo do BNDES, considerado um novo marco zero para a indústria química, traz novos horizontes para toda a cadeia produtiva, quarto maior setor do Produto Interno Bruto (PIB) industrial e 6ª maior indústria química do mundo.
Parceria – O evento foi resultado de parceria entre a Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva do Setor Químico, Petroquímico e Plástico do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Efeitos duradouros – “A dimensão completa deste trabalho ainda não está totalmente visível. O estudo, valiosíssimo, pode ter novos desdobramentos na universidade, nos sindicatos, nas empresas e entidades de classe”, disse Siraque. Segundo ele, em breve o estudo será apresentando aos integrantes do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, região que abriga um dos polos petroquímicos mais importantes do país. Siraque conta que a Frente Parlamentar apoiou o estudo desde o primeiro momento. “A criação de políticas públicas para o desenvolvimento da Cadeia Produtiva sempre foi a nossa principal bandeira dentro do Congresso Nacional”, explicou o parlamentar.
“O Estudo feito pelo BDNES traz uma oportunidade fantástica para o empresariado brasileiro transformar a indústria química, porque mostra em muitos segmentos todas as oportunidades que a indústria química tem”, finalizou Siraque.
Segundo Alexandre Cabral, do MDIC, o Brasil tem uma agenda absolutamente nova, que é construir o uso do petróleo da União, como forma de introduzir, de forma competitiva, a matéria-prima no setor químico. “Além de o governo ter ganhado uma agenda, o setor privado recebeu um “drive”, economizou alguns milhões de dólares com um estudo prospectivo deste nível”, disse Cabral. Segundo ele, os grandes “drives” foram dados, acredito que isso é uma ação de política pública totalmente alinhada com algo que no MDIC começa a ser incorpora ao nosso mantra. Ou seja: o Estado brasileiro tem que ser empreendedor.
Na avaliação do deputado Francisco Chagas (PT/SP), o estudo é base não só para o setor privado, mas sim para todos aqueles que acompanham o desenvolvimento industrial no Brasil poderem tomar posição mais assertivas. Segundo ele, o estudo tem enorme utilidade para entender a importância de uma indústria de base forte, como é a indústria química. “Ela é fundamental para o desenvolvimento do Brasil”, declarou Chagas.
Cenário - Entre 2000 e 2006, a balança comercial do setor químico no Brasil manteve-se relativamente estável, com um déficit anual entre US$ 6 e 9 bilhões. A partir de 2007, o déficit comercial aumentou substancialmente, atingindo US$ 28 bilhões em 2012. Dois fatores principais concorreram para esse fenômeno: (1) o descompasso entre o crescimento da produção da indústria química nacional e a evolução do consumo doméstico e (2) o aumento do valor agregado das importações em relação às exportações de produtos químicos.
Lupa – Com o objetivo de contribuir para a reversão desse quadro, o Estudo buscou identificar e avaliar oportunidades de diversificação da indústria química brasileira, com ênfase em produtos químicos de maior valor agregado, no fortalecimento e expansão das cadeias produtivas e, no desenvolvimento e realização de novas tecnologias. O Estudo também procura contribuir para o desenho de instrumentos e ações de uma política industrial para o setor químico.
Foco – O Estudo identificou e classificou 66 segmentos na indústria química em focos: primário, secundário ou terciário, de acordo com o potencial de competitividade do Brasil em cada um deles. Os 21 segmentos de foco primário foram aprofundados pelo Estudo. Esses segmentos foram responsáveis por 8,9 bilhões de dólares de déficit comercial em 2012 (72% do déficit do total do escopo do Estudo). A importância dos segmentos de foco primário é também demonstrada pelo crescimento de suas importações (10% ao ano entre 2008 e 2012) e pelo valor agregado dos respectivos produtos importados (média de US$ 2,99 por quilo, em comparação com US$ 0,93 por quilo para os outros segmentos).
Futuro - As oportunidades de investimentos identificadas nos segmentos de foco primário podem somar de 33 bilhões a 47 bilhões de dólares entre 2015 e 2030. Se estes investimentos forem materializados, o déficit na balança comercial desses segmentos pode ser reduzido entre US$ 22 e 38 bilhões anuais em 2030. Apenas os cinco segmentos de foco primário que possuem maior potencial de melhoria da balança comercial, indicados na Figura 1, poderiam gerar até 19 mil novos empregos em 2030.
Ranking – Entre os segmentos com melhores condições de competitividade, destacam-se aqueles cujo tamanho do mercado brasileiro é um atrativo para os investimentos em produção local, como os segmentos de cosméticos e produtos de higiene pessoal, defensivos agrícolas, aditivos alimentícios para animais e químicos para E&P, que possuem mercados domésticos relevantes no contexto global.
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